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Uma Suave Introdução ao JavaScript Funcional: Parte 3

Escrito por James Sinclair em 6 de Fevereiro de 2016

Essa é a parte 3 de uma série de 4 artigos introduzindo a programação funcional no JavaScript. No último artigo vimos como podemos usar a programação funcional com listas e arrays. Neste artigo iremos examinar high-order functions (funções de ordem superior) - funções para fazer funções.

Funções Para Fazer Funções

No fim do último artigo, eu disse que ir a fundo no caminho funcional não é para todo mundo. Isso é porque além das funções que processam listas, as coisas começam a ficar um pouco estranhas. O que quero dizer é que começamos abstraindo coleções de instruções em funções. Então, começamos a abstrair loops for em map e reduce. O próximo nível de abstração é começar a refatorar padrões de criação de funções. Começamos a criar funções para fazer outras funções. Isso pode ser poderoso e elegante, mas começa a se parecer bem menos com o JavaScript que você está acostumado a escrever.

Mais Blocos Fundamentais

Funções para fazer outras funções algumas vezes são chamadas high order functions (funções de ordem superior). Porém para entendê-las, precisamos revisitar algumas funcionalidades nativas do JavaScript que tornam as funções de ordem superior possíveis.

Closures e Escopo

Uma das coisas mais difíceis para alguém entender no JavaScript é quais variáveis uma função pode "ver". No JavaScript, se você definir uma variável dentro de uma função, ela não poderá ser vista fora da função. Por exemplo:

var thing = 'bat';
    
var sing = function() {
    // This function can 'see' thing
    var line = 'Twinkle, twinkle, little ' + thing;
    log(line);
};

sing();
// Twinkle, twinkle, little bat

// Outside the function we can't see message though
log(line);
// undefined

Entretanto, se nós definirmos uma função dentro de uma função, a função interna pode ver as variáveis da função exterior:

var outer = function() {
    var outerVar = 'Hatter';
    var inner = function() {
         // We can 'see' outerVar here
         console.log(outerVar);
         // Hatter
         
         var innerVar = 'Dormouse';
         // innerVar is only visible here inside inner()
    }
    
    // innerVar is not visible here.
}

Isso leva um tempo para se acostumar. As regras são bem simples, mas uma vez que comecemos a passar variáveis como argumentos, se torna mais difícil rastrear quais funções podem ver quais variáveis. Se isso está inicialmente confuso, seja paciente: Veja o ponto onde você definiu a função e descubra quais variáveis são "visíveis" nesse ponto. Elas podem não ser o que você espera se você apenas olhar no ponto onde você está chamando a função.

A Variável Especial arguments

Quando você cria uma função no JavaScript, ele cria uma variável especial chamada arguments, que é parecida com um array. Ela contém os argumentos que são passados à função. Por exemplo:

var showArgs = function(a, b) {
    console.log(arguments);
}
showArgs('Tweedledee', 'Tweedledum');
//=> { '0': 'Tweedledee', '1': 'Tweedledum' }

Note que a saída é mais como um objeto com chaves que são inteiros do que um verdadeiro array.

Algo interessante sobre arguments é que essa variável contém todos os argumentos passados na chamada da função, independentemente de quantos foram definidos. Então se você chamar uma função passando argumentos a mais, eles estarão disponíveis na variável arguments.

showArgs('a', 'l', 'i', 'c', 'e');
//=> { '0': 'a', '1': 'l', '2': 'i', '3': 'c', '4': 'e' }

A variável arguments também tem uma propriedade length, assim como um array:

var argsLen = function() {
    console.log(arguments.length);
}
argsLen('a', 'l', 'i', 'c', 'e');
//=> 5

É geralmente útil ter a variável arguments como um array verdadeiro. Nesses casos nós podemos converter a variável arguments em um array usando o método nativo de array chamado slice. Pelo fato de arguments não ser um array de verdade, temos que fazer isso por um caminho alternativo:

var showArgsAsArray = function() {
    var args = Array.prototype.slice.call(arguments, 0);
    console.log(args);
}
showArgsAsArray('Tweedledee', 'Tweedledum');
//=> [ 'Tweedledee', 'Tweedledum' ]

A variável arguments é normalmente utilizada para criar funções que podem pegar um número variável de argumentos. Isso vai ser útil depois, como iremos ver.

Call e Apply

Vimos antes que arrays no JavaScript têm alguns métodos nativos como .map e .reduce. Bom, funções também têm alguns métodos nativos.

A forma comum de chamar uma função é escrevendo parênteses, e qualquer parâmetro depois do nome da função. Por exemplo:

function twinkleTwinkle(thing) {
    console.log('Twinkle, twinkle, little ' + thing);
}
twinkleTwinkle('bat');
//=> Twinkle, twinkle, little bat

Um dos métodos nativos das funções é o call e ele permite que você chame uma função de outra forma:

twinkleTwinkle.call(null, 'star');
//=> Twinkle, twinkle, little star

O primeiro argumento do método .call define a quê a variável especial this vai se referir dentro da função. Podemos ignorar isso por agora. Quaisquer argumentos depois desse serão passados diretamente para a função.

O método .apply é bem parecido com .call, exceto que ao invés de passar argumentos individuais um por um, .apply permite que você passe um array de argumentos como o segundo parâmetro. Por exemplo:

twinkleTwinkle.apply(null, ['bat']);
//=> Twinkle, twinkle, little bat

Ambos esses métodos vão ser úteis quando nós estivermos criando funções que criam outras funções.

Funções Anônimas

O JavaScript nos permite criar funções em tempo de execução. Onde quer que tenhamos a possibilidade de criar uma variável, e então fazer algo com essa variável, o JavaScript nos permite adicionar uma definição de função nesse local. Isso é frequentemente usado com map e reduce, por exemplo:

var numbers = [1, 2, 3];
var doubledArray = map(function(x) { return x * 2}, numbers);
console.log(doubledArray);
//=> [ 2, 4, 6 ]

Funções como essa criadas em tempo de execução são chamadas funções anônimas, uma vez que elas não tem um nome. Elas também são chamadas as vezes de funções lambda.

Aplicação Parcial

Algumas vezes pode ser útil preencher previamente os argumentos de uma função. Por exemplo, imagine que tenhamos feito uma função addClass() que pega um nome de classe e um elemento DOM como parâmetros:

var addClass = function(className, element) {
    element.className += ' ' + className;
    return element;
}

Gostaríamos de usar isso com map para adicionar uma classe a vários elementos, mas temos um problema: map passa itens do array um por um como o primeiro parâmetro para a função callback. Então como vamos dizer a addClass qual nome de classe adicionar?

A solução é criar uma nova função que chama addClass com o nome da classe que queremos:

var addTweedleClass = function(el) {
    return addClass('tweedle', el);
}

Agora temos uma função que recebe apenas um parâmetro. Agora ela está adequada para ser passada à função map:

var ids = ['DEE', 'DUM'];
var elements = map(document.getElementById, ids);
elements = map(addTweedleClass, elements);

Mas se quisermos passar outra classe, temos que criar outra função:

var addBoyClass = function(el) {
    return addClass('boy', el);
}

Nós começamos a nos repetir... então, vamos ver se podemos encontrar alguma abstração para esse padrão. E se tivermos uma função que cria outra função com o primeiro parâmetro preenchido previamente?

var partialFirstOfTwo = function(fn, param1) {
    return function(param2) {
        return fn(param1, param2);
    }
}

Note a primeira declaração return. Nós criamos uma função que retorna outra função.

var addTweedleClass = partialFirstOfTwo(addClass, 'tweedle');
var addBoyClass = partialFirstOfTwo(addClass, 'boy');

var ids = ['DEE', 'DUM'];
var elements = map(document.getElementById, ids);
elements = map(addTweedleClass, elements);
elements = map(addBoyClass, elements);

Isso funciona bem quando nós sabemos que nossa função recebe exatamente dois parâmetros. Mas e se quisermos fazer a aplicação parcial em uma função que recebe mais de uma variável? Para esses casos precisamos de uma função de aplicação parcial mais generalisada. Vamos fazer uso dos métodos slice e apply descritos acima:

var argsToArray = function(args) {
    return Array.prototype.slice.call(args, 0);
}

var partial = function() {
    // Convert the arguments variable to an array 
    var args = argsToArray(arguments);

    // Grab the function (the first argument). args now contains the remaining args.
    var fn = args.shift();

    // Return a function that calls fn
    return function() {
        var remainingArgs = argsToArray(arguments);
        return fn.apply(this, args.concat(remainingArgs));
    }
}

Agora, os detalhes de como essa função funciona não é tão importante como o que ela faz. Essa função nos permite aplicar parcialmente qualquer número de variáveis em funções que recebem qualquer número de parâmetros.

var twinkle = function(noun, wonderAbout) {
    return 'Twinkle, twinkle, little ' +
        noun + '\nHow I wonder where you ' +
        wonderAbout;
}

var twinkleBat = partial(twinkle, 'bat', 'are at');
var twinkleStar = partial(twinkle, 'star', 'are');

console.log(twinkleBat());
// "Twinkle, twinkle, little bat
// How I wonder where you are at"

console.log(twinkleStar());
// "Twinkle, twinkle, little star
// How I wonder where you are"

O JavaScript tem um método nativo que meio que funciona como partial chamado bind. Ele está disponível como um método em todas as funções. O problema é que ele espera que seu primeiro parâmetro seja um objeto que você deseja vincular (bind) a variável especial this. Isso significa, por exemplo, que se você quer aplicar parcialmente algo a document.getElementById, você tem que passar document como o primeiro parâmetro, dessa forma:

var getWhiteRabbit = document.getElementById.bind(document, 'white-rabbit');
var rabbit = getWhiteRabbit();

Na maior parte do tempo, porém, nós não precisamos da variável especial this (especialmente se estivermos usando um estilo funcional de programação), então podemos apenas passar null como o primeiro parâmetro. Por exemplo:

var twinkleBat = twinkle.bind(null, 'bat', 'are at');
var twinkleStar = twinkle.bind(null, 'star', 'are');

Você pode ler mais sobre .bind na referência JavaScript do MDN.

Composição

Falamos no último artigo que programação funcional está relacionada a pegar pequenas, simples funções e uní-las para fazer coisas mais complexas. Aplicação parcial, como vimos acima, é uma ferramenta que torna esse processo mais fácil. Com a aplicação parcial nós podemos converter nossa função addClass em uma função que podemos usar com map. Composição é uma outra ferramenta para combinar simples funções.

A forma mais simples de composição é com duas funções, a e b, ambas esperando apenas um parâmetro. Compose cria uma terceira função, c. Chamando c com um parâmetro x retorna o resultado de chamar a com o resultado de chamar b com x... Que confusão. É muito mais simples de entender vendo um exemplo:

var composeTwo = function(funcA, funcB) {
    return function(x) {
        return funcA(funcB(x));
    }
}

var nohow = function(sentence) {
    return sentence + ', nohow!';
}
var contrariwise = function(sentence) {
    return sentence + ' Contrariwise…';
}

var statement = 'Not nothin’';
var nohowContrariwise = composeTwo(contrariwise, nohow);
console.log(nohowContrariwise(statement));
//=> Not nothin’, nohow! Contrariwise…

Isso é muito bom. Podemos fazer muita coisa apenas com composeTwo. Mas, se você começar a escrever funções "puras" (vamos discutir isso depois), então você pode encontrar-se precisando juntar mais que duas funções. Para isso iremos precisar de uma função compose mais genérica:

var compose = function() {
    var args = arguments;
    var start = args.length - 1;
    return function() {
        var i = start;
        var result = args[start].apply(this, arguments);
        i = i - 1;
        while (i >= 0) {
            result = args[i].call(this, result);
            i = i - 1;
        }
        return result;
    };
};

Novamente, como isso funciona não é tão importante quanto o que você pode fazer com isso. E a primeira vista, compose pode não parecer tão incrível. Podemos escrever a função acima dessa forma com compose:

var nohowContrariwise = compose(contrariwise, nohow);

Mas isso não parece muito mais conciso do que escrever desta forma:

var nohowContrariwise = function(x) {
    return nohow(contrariwise(x));
}

O real poder da composição se torna claro uma vez que a combinamos com a função curry. Mesmo sem o currying nós podemos ver que se tivermos uma coleção de pequenas funções utilitárias, nós podemos usar compose para fazer nosso código mais claro e mais conciso. Por exemplo, imagine que temos um poema em texto simples:

var poem = 'Twas brillig, and the slithy toves\n' + 
    'Did gyre and gimble in the wabe;\n' +
    'All mimsy were the borogoves,\n' +
    'And the mome raths outgrabe.';

Esse poema não vai ser mostrado muito bem no navegador, então vamos adicionar algumas quebras de linha. E, enquanto estivermos ai, vamos traduzir brillig para algo mais fácil de entender. E então vamos envolver tudo em uma tag parágrafo e em um bloco de citação. Vamos começar criando duas funções bem simples, e construir o resto a partir disso:

var replace = function(find, replacement, str) {
    return str.replace(find, replacement);
}

var wrapWith = function(tag, str) {
    return '<' + tag + '>' + str + '</' + tag + '>'; 
}

var addBreaks      = partial(replace, '\n', '<br/>\n');
var replaceBrillig = partial(replace, 'brillig', 'four o’clock in the afternoon');
var wrapP          = partial(wrapWith, 'p');
var wrapBlockquote = partial(wrapWith, 'blockquote');

var modifyPoem = compose(wrapBlockquote, wrapP, addBreaks, replaceBrillig);

console.log(modifyPoem(poem));
//=> <blockquote><p>Twas four o’clock in the afternoon, and the slithy toves<br/>
//   Did gyre and gimble in the wabe;<br/>
//   All mimsy were the borogoves,<br/>
//   And the mome raths outgrabe.</p></blockquote>

Note que se você ler os argumentos passados para compose da esquerda para direita, eles estão na ordem inversa que eles são aplicados. Isso é por causa que compose reflete a ordem que eles estariam se tivessem sido escritos como chamadas de funções aninhadas. Algumas pessoas acham isso um pouco confuso, então a maioria das bibliotecas auxiliares fornecem uma forma reversa chamada pipe ou flow.

Usando uma função pipe, poderíamos escrever nossa função modifyPoem da seguinte maneira:

var modifyPoem = pipe(replaceBrillig, addBreaks, wrapP, wrapBlockquote);

Currying

Uma limitação de compose é que essa função espera que todas as funções passadas recebam apenas um parâmetro. Isso não é um grande problema agora que temos uma função partial - podemos converter nossas funções multi-parâmetros para funções que recebem um parâmetro com certa facilidade. Mas isso é um pouco tedioso. Currying é como uma aplicação parcial "turbinada".

Os detalhes da função curry são um pouco complicados, então vamos ver um exemplo primeiro. Temos uma função formatName que coloca o apelido de uma pessoa entre aspas. Essa função recebe três parâmetros. Quando nós chamamos a versão curried de formatName com menos que três parâmetros, ela retorna uma nova função com os parâmetros passados parcialmente aplicados:

var formatName = function(first, surname, nickname) {
    return first + ' “' + nickname + '” ' + surname;
}
var formatNameCurried = curry(formatName);

var james = formatNameCurried('James');

console.log(james('Sinclair', 'Mad Hatter'));
//=> James “Mad Hatter” Sinclair

var jamesS = james('Sinclair')

console.log(jamesS('Dormouse'));
//=> James “Dormouse” Sinclair

console.log(jamesS('Bandersnatch'));
//=> James “Bandersnatch” Sinclair

Existem outras coisas a serem notadas sobre funções curried:

formatNameCurried('a')('b')('c') === formatNameCurried('a', 'b', 'c'); // true
formatNameCurried('a', 'b')('c') === formatNameCurried('a')('b', 'c'); // true

Isso é bem conveniente, mas não nos dá muito mais que partial. Mas e se, apenas supondo, nós aplicarmos curry em todas as funções que fizermos, por padrão. Então, nós poderíamos criar praticamente qualquer função apenas combinando outras funções com composição (e currying).

Lembra do nosso exemplo do poema feito anteriormente? E se quisermos envolver as tags de ênfase em volta do texto "four o’clock in the afternoon" que nós substituímos?

var replace = curry(function(find, replacement, str) {
    var regex = new RegExp(find, 'g');
    return str.replace(regex, replacement);
});

var wrapWith = curry(function(tag, str) {
    return '<' + tag + '>' + str + '</' + tag + '>'; 
});

var modifyPoem = pipe(
    replace('brillig', wrapWith('em', 'four o’clock in the afternoon')),
    replace('\n', '<br/>\n'),
    wrapWith('p'),
    wrapWith('blockquote')
);

console.log(modifyPoem(poem));
//=> <blockquote><p>Twas <em>four o’clock in the afternoon</em>, and the slithy toves<br/>
//   Did gyre and gimble in the wabe;<br/>
//   All mimsy were the borogoves,<br/>
//   And the mome raths outgrabe.</p></blockquote>

Note que trocamos compose por pipe. Não existem mais funções intermediárias, colocamos as funções curried diretamente no pipeline (encanamento), e elas ainda estão legíveis.

Abaixo temos uma implementação da função curry adaptada do livro JavaScript Allongé. Novamente, como ela funciona não é tão importante quanto o que ela faz.

function curry (fn) {
    var arity = fn.length;
  
    function given (argsSoFar) {
        return function helper () {
            var args             = Array.prototype.slice.call(arguments, 0);
            var updatedArgsSoFar = argsSoFar.concat(args);
          
            if (updatedArgsSoFar.length >= arity) {
                return fn.apply(this, updatedArgsSoFar);
            }
            else {
                return given(updatedArgsSoFar);
            }
        }
    }
  
    return given([]);
}

Mas por quê?

Até agora, vimos partial, compose, pipe e curry como ferramentas úteis para juntar pequenas, simples funções e criar outras mais complexas. Mas, elas são realmente úteis? O que elas fizeram possível que não era possível antes? Bem, o que elas fazem é abrir um novo estilo de programação. Isso nos permite pensar em problemas de formas diferentes, o que torna certos tipos de problemas muito mais simples de serem resolvidos. Isso também nos ajuda a escrever código mais robusto e verificável. Esse será o tópico do próximo artigo, se está curioso, continue lendo...